Para viabilizar os projetos e ações que os agostinianos realizam nessas regiões, o apoio da Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção (ANSA) – parceira da comunidade desde os anos 1980 – é extremamente importante.
A entidade sem fins lucrativos luta, junto com a Ordem, contra a pobreza e as desigualdades em São Félix do Araguaia. Atuando em frentes diversas e com inúmeras atividades, o objetivo também é promover o desenvolvimento, a justiça social, econômica e ambiental na localidade.
Por lá, os agostinianos agem fortalecendo a fé da comunidade local, incentivando e proporcionando condições para o replantio de espécies nativas e garantia de sustento; fomentando o aproveitamento do que a terra oferece (frutas que dão origem a polpas para sucos) e geração de renda.
As queimadas são um dos maiores problemas ambientais do Araguaia. E na região, que tem sua produção de matéria-prima resumida na criação de gado de corte e produção de soja, os incêndios são tradicionalmente usados para abertura de novas áreas e limpeza de pastos.
Essa prática, além de desmatar, libera gases tóxicos que intensificam o efeito estufa e causam problemas respiratórios na população. No Araguaia, existem mais de 3 milhões de cabeças de gado, o equivalente a 22 vacas por habitante. Com a diminuição das vegetações nativas e com as mudanças climáticas, é cada vez mais difícil controlar o fogo e seus efeitos.
Diante da situação de degradação ambiental, os religiosos da ordem promovem, incentivam e apoiam concretamente os plantios de árvores, arbustos, cipós e plantas do Cerrado e da Amazônia em terras que tenham sido queimadas e desmatadas. Nos últimos 10 anos, 290 famílias recuperaram 696 hectares de terra. Em um trabalho quase sempre manual, na enxada, foram plantadas 10.944 mudas de 34 espécies diferentes.
Os brotos de plantas nativas têm sido produzidos no viveiro que a Comunidade Agostiniana apoia em São Félix do Araguaia e levados até as famílias para que possam plantar, recuperar a vegetação de suas terras e garantirem parte de seu sustento.
Em meio à fartura da transição do Cerrado para a Amazônia, a região apresenta espécies nativas de frutas e o gosto popular por elas: são sabores únicos como a cagaita, a bacaba e a mangaba. E valorizar o uso das plantas e incentivar o plantio diversificado estão na base de trabalho da Araguaia Polpa de Frutas (foto), que produz polpas naturais congeladas de 20 tipos nativos e cultivados da região.
Anualmente, cerca de 250 pessoas entregam frutas para a cooperativa. Em sua maioria, são agricultores periurbanos ou assentados. Para os agricultores periurbanos, é uma forma de complementar a renda familiar aproveitando as produções dos quintais e chácaras, e para os agricultores dos assentamentos se configura como uma alternativa real de diversificar o trabalho em suas terras.
Também em São Félix do Araguaia, o trabalho dos agostinianos se completa com a iniciativa de microcrédito chamada Crédito Popular Solidário (CPS). Na cidade, é comum encontrar pequenos negócios informais anunciando serviços como manicure, costura, mecânica, etc. Eles respondem por parte importante da economia local, porém têm uma capacidade limitada para investir e crescer, sem condições de capital ou de acesso à crédito dos bancos tradicionais.
A principal diferença do microcrédito é que a garantia de empréstimo é a própria comunidade por meio de uma relação de confiança entre os integrantes de um grupo solidário, o solicitante e o agente de crédito. Além disso, essa equipe se faz presente apoiando nos projetos e pagamentos, o que reafirma a verdadeira origem da palavra latina crédito, credere, com o sentido pleno de “acreditar”. Para ter acesso, a renda por pessoa na família deve ser de até um salário mínimo e um grupo solidário de 4 a 6 pessoas.
Anualmente, esse microcrédito é oferecido para até 200 pessoas em São Félix do Araguaia e Alto Boa Vista, no Projeto de Assentamento (PA) Dom Pedro e em Pontinópolis.